segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Puta que o pariu, George Orwell estava certo!

Por André Carmona

Então, de supetão, ele despertou. Abrindo os olhos, se viu mergulhado numa pilha de papéis; uma porção de contas não pagas misturada a jornais amassados, velhas anotações e fotos que lhe remetiam outros tempos. Na verdade, dera-se conta de que não havia sequer pregado os olhos a noite inteira, nem por um minuto. Pior, fora torturado por seus próprios pensamentos. Como um zumbi insone, remoera antigos sentimentos – ao menos tentara, incessantemente – para que pudesse se sentir mais humano, pois, dentro de seu peito, já não morava nada além de uma deletéria apatia.

Há algum tempo, perdera contato com todos os seres humanos que antes faziam parte do seu extenso e ostensivo círculo social. Não se recordava exatamente se eram dias, semanas ou meses. Não, meses, não. Talvez algumas longas semanas, pois a provedora de serviço de televisão não havia cortado o sinal ainda; e ele era invadido, como um violento rio que deságua no mar, por arrebatadoras e furiosas notícias vindas da televisão, seu último elo com a sociedade que, outrora, havia ajudado a construir.

Uma situação inusitada e irônica, já que, quando um jornalista empregado, jamais obtivera a chance de encarar o produto final de seu trabalho de forma tão íntima e verdadeiramente translúcida. Ao contrário, encarara sua labuta como outra qualquer, não havia tempo para desfrutes; a máquina do sistema o obrigara a escrever, escrever, sem pensar, sem reflexão, tudo aquilo que queriam que ele dissesse, e não o que realmente gostaria de ter dito. A redação - localizada no suntuoso edifício, de uma das maiores e decadentes editoras do país -, com todos os seus pormenores, o havia consumido durante os últimos 15 anos de sua vida.

Após sua conturbada e premeditada demissão, passou, de certa maneira, a apreciar a antagônica sensação de liberdade e prisão. A crise econômica mundial, dia após dia, jogava mais e mais gente nas sarjetas. Entretanto, nada mais importava, dizia-lhe seu subconsciente, isentando-o de culpas passadas. E destarte, ele analisava de forma ácida e sóbria, como se fosse um espírito pairando sobre seu próprio corpo, todas as notícias que, a charmosa e cínica âncora do jornal, reportava com inocente insensatez.

Desde o primeiro sinal de percepção aguçada, a primeira vez que lhe ocorrera todos estes estapafúrdios sentimentos, começara a sentir-se como Winston Smith – célebre personagem do romance 1984, do escritor George Orwell. O sintoma inicial se apresentou ao ouvir que, por ordem do governador - e com apoio de toda a mídia -, a polícia militar havia reprimido, truculentamente, os milhares de manifestantes que lotavam a praça central da capital, e protestavam em prol da melhoria dos serviços prestados pelo Estado. 

Em seguida, eclodiu a notícia da hipotética espionagem do governo estadunidense sobre o governo brasileiro, de quem supostamente era parceiro, embora, ideologicamente, o comando tupiniquim se sentisse mais atraído – teoricamente - às ideias de esquerda, a Cuba; país que, há décadas, sofre na carne – de sua população – os efeitos do cruel embargo econômico promovido pelos Estados Unidos. 

Uma rude incoerência, profetizada por Orwell como duplipensamento, ou, em suas palavras: “Saber e não saber, estar consciente de sua completa sinceridade ao exprimir mentiras cuidadosamente arquitetadas, defender simultaneamente duas opiniões que se cancelam mutuamente, sabendo que se contradizem, e ainda assim acreditar em ambas; usar a lógica contra a lógica, repudiar a moralidade e apropriar-se dela” (...) “esquecer o quanto fosse necessário esquecer, trazê-lo à memória prontamente no momento preciso, e depois torná-lo a esquecer; e acima de tudo, aplicar o próprio processo ao processo. Essa era a sutileza máxima: induzir conscientemente a inconsciência, e então, tornar-se inconsciente do ato de hipnose que se acabava de realizar. Até para compreender a palavra ‘duplipensar’ era necessário usar o duplipensar”.

Conceito que se fez ainda mais presente, quando, por alguns minutos, deixou-se levar por seus pensamentos, concluindo que, os próprios americanos, tão defensores da democracia, prontamente se pusessem a invadir qualquer nação que discordasse de seus princípios capitalistas e diferisse de sua cultura de consumo. O dinheiro era o próprio Grande Irmão – referido no livro como o “sábio” governador, líder de todas as nações -, símbolo de controle total, de poder; que nos vigia e nos subjuga, não obstante as nossas tentativas de escapar de suas afiadas garras. 

Atordoado pela constatação, tão logo depois de retornar de sua divagação, questionou-se: “Como um romance – dito ficcional – escrito na década de 40 poderia ser tão real, tão atual?”. Empapado de suor, levantou-se. Prosseguiu cambaleando até a cozinha, onde tomou um gole de água, acendeu seu último cigarro e murmurou: “Puta que o pariu, George Orwell estava certo!”.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O Blues Paulistano

Coração de São Paulo, lugar onde a cidade pulsa intensamente. A principal avenida da metrópole não poderia ter um nome mais apropriado, cá estamos na Avenida Paulista, o suprassumo da selva de pedra.


A noite se mostrava fria, tipicamente paulistana, porém, um elemento se fez presente e antes, o que era frio, ferveu. Três garotos munidos de instrumentos musicais tocavam e sentiam o Blues, aquele mesmo estilo que se fez (e ainda faz) presente no Sul dos Estados Unidos. Era de causar inveja a qualquer outro guitarrista do gênero. De Robert Johnson a Eric Clapton.

Ao fundo, a Paulista se mostrava longa como um braço de guitarra e tão poética quanto ao solo de uma. As luzes da avenida deixavam o palco pronto pro show e as notas musicais se misturavam nos mínimos detalhes, aqui ou lá, nos rapazes tocando guitarra sem dó ou nas pessoas andando sem se preocupar com absolutamente nada.

No final, ainda restaria à cidade ser iluminada pela nota mais bonita e vistosa de todas, o Sol.

Por: Luís Felipe Coca
24/09/2013

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Histórias Que O Povo Conta

Inicio hoje, talvez sem dia nem horário melhor para tal, a sessão "Histórias que o Povo Conta".

Pra quem não sabe, hoje por volta das 11:20 ocorreu um acidente na Linha 7-Rubi da CPTM. Com direção à Luz, o trem foi atingido por um trem de carga que vinha no sentido contrário, em direção à Francisco Morato. O trem de carga teve 4 vagões tombados que atingiram a lateral dos últimos vagões do trem da CPTM.

Tendo em vista isso, hoje, por volta das 17h30 da tarde, estou no trem com sentido à Francisco Morato; e com o trem parado na nova Vila Aurora, depois de muitos “Estamos aguardando a movimentação do trem à frente”, “Estamos aguardando ordem de comando para seguir viagem”, escuto a conversa de uma senhora com um rapaz sobre o acidente de mais cedo.

Senhora- Sabe o acidente que teve lá em Franco? Eu “tava” lá, foi horrível... Ainda bem que o trem “tava” chegando na estação de Franco, “tava” devagar, se não teria sido pior... Aquele trem de carga, de terra, veio na outra linha, mas tombou tudo do nosso lado, passou arranhando a lateral do trem que parecia uma lata de sardinha.

Rapaz- É mesmo?

Senhora- E as portas do vagão não abriam, que desespero meu “fio”! Os “home” tudo tendo que forçar pra abrir, mas ai passava um, eles soltavam e fechava tudo de novo. E o cheiro de queimado que dava? Parecia que tinha algo pegando fogo. Que desespero! Mas pra tu ver como as coisas acontecem quando tem que acontecer, eu podia ter ido pra São Paulo amanhã, mas decidi ir hoje mesmo, olha no que deu! Mas acho mesmo que nasci de novo, viu...

Rapaz- E teve gente que se machucou, né?


Senhora- Teve sim, eu mesma com sorte só machuquei um pouco o dedo, mas tinha gente com criança, tinha gente que se assustou porque “tava” dormindo... E a gritaria? O desespero que o povo fica? Teve gente que saiu de lá de helicóptero. Foi bombeiro e ambulância pra todo lado, polícia, tudo...


Por Sandrini Matyas

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Não gosta de macarrão? Não coma!

 " Esses bando de sem vergonha tem que ser presos e queimar no fogo do inferno", disse minha avó no auge dos seus setenta e poucos anos em uma conversa casual sobre o casamento gay. Além dessa linda frase ela usou como argumento o fato de que " Deus não perdoa esse tipo de coisa, não ".
 O nosso estado é cristão, por isso o preconceito religioso é uma das principais barreiras que os homossexuais encontram para exercerem o seu livre arbítrio, as pessoas usam a Bíblia como a sua própria constituição. Só que há um grande problema nisso; se uma pessoa não se baseia na religião para viver, se ela é ateia, porque é que ela deve ser submetida a esse julgamento pré estabelecido da crença alheia? 
 Todas as pessoas têm direito à felicidade independente de raça, credo ou condição sexual. Isso sim está na constituição.
 O ser humano complica as coisas, mas é tudo muito simples. Não gosta de macarrão? Não coma! Odeia camisa branca? Não use! Não concorda com o casamento gay? Não case com alguém do mesmo sexo, apenas respeite.




Por Luana Andrade

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Old is cool: Uma viagem no tempo e no espaço pelos bolachões

Por André Carmona

Com uma publicidade de medicamento antigripal estampada, em sua face norte e sul, o relógio, situado numa das avenidas mais importantes da metrópole, refletia com exatidão a mescla de difusos raios solares e densas nuvens sombrias que, apagando o sol, faziam com que os ponteiros digitais se acendessem como vagalumes no verão, marcando o horário exato de 12h47. O sorriso apressado e alegre do povo, apesar de todo vórtex climático, nos dá pistas de que se trata de uma sexta-feira. Na estação do metrô - que se conecta à rodoviária da cidade -, dois jovens, até então desconhecidos, reconheceram-se. Apesar de nunca terem se visto antes – ou talvez até tenham -, o modo de se vestirem – trajando parkas militares, chapéu porkpie à jamaicana, buttons e patches em referência à cultura Mod e Skinhead -, aliado ao específico horário marcado nas catracas da estação, sugeriam que estavam prestes a embarcar juntos na mesma viagem.

Enquanto esperavam um amigo – DJ e colecionador de vinis, que se apresentaria em uma festa de música negra, numa cidade menor localizada mais ao sul, onde igualmente a cena efervescia -, os jovens já conversavam ansiosamente sobre o que estava rolando na cena, a cultura de rua, as novidades, as viagens, os novos amigos, os tunes recém-adquiridos em compactos de vinil 45rpm, e tudo mais que lhes viesse à cabeça. Ao chegar o desajeitado e simpático amigo DJ, carregando sua maleta recheada de pérolas jamaicanas, juntamente com os discos de seus amigos do sul – pois os southern boys esqueceram seu case de discos na última festa, na caótica capital -, partiram em direção ao sul para, além de prestigiar a festa, levar quase todo o próprio conteúdo da mesma.

Os leitores mais antenados e apurados, provavelmente, assimilariam que se apresenta aqui um texto sobre história; mais precisamente – do contexto britânico – sobre a música jamaicana, o Ska, o Rocksteady, da cena Mod  à Skinhead, e tudo mais que influenciou e foi influenciado pela juventude britânica dos anos 60, dos Beatles à Pop Art, da geração Beatnik ao Northern Soul.

Foto por João Paulo Buiar
Ao contrário do que se podia prever no começo dessas tortas linhas, não estamos em Londres, na década de 60’s ou 70’s, vagando de uma cidade à outra, atrás de festas regadas à anfetamina, muita bagunça , e música diretamente de vinis; muito menos em Detroit, nos áureos tempos da Motown – famosa gravadora americana, responsável por prover ao mundo dos mortais, as mais belas canções da Soul Music; e nem que os personagens foram tirados dos romances escritos por Jack Kerouac, ou dos poemas de Allen Ginsberg.


O ano é 2013, o ponto de partida é a cidade de São Paulo e o destino é a capital paranaense.  Na bagagem dessa turma: muito amor à música – especialmente à jamaicana -, e à maneira mais tradicional e clássica de curti-la, através de compactos originais e reprensagens, tudo em discos de vinil, para manter a fidelidade sonora e a experiência particular de quem a escuta; pois só assim, na forma mais crua possível, sem auxílio de novas tecnologias, há a possibilidade de realmente sentir a música, a vibração das melodias e compreender, mesmo que inconscientemente, seu processo de construção. O mais curioso e esquizofrênico de tudo isso é que, justamente essa necessidade de voltar às raízes, foi difundida através da internet. Há muitos canais de compra e venda de vinis, sites especializados, blogs, grupos de discussão, e bastante conteúdo para baixar em mp3, aguçando a curiosidade dos novatos, e expandindo a demanda por discos de vinil e eventos que atraiam esse público específico.

Esse fenômeno não é somente brasileiro e, tampouco, se restringe apenas à música jamaicana. Está acontecendo no mundo inteiro, com diversos ritmos e fenômenos sociais. São verdadeiras expressões culturais de distintos grupos, que se unem pelo amor à música, em busca de novas experiências. Esta motivação contrapõe-se radicalmente à teoria de que a internet pudesse ter um efeito negativo sobre outras mídias; que ela aniquilaria os livros em detrimento dos mais cômodos e-books, ou que o mp3 sacramentasse o golpe final nos CD’s e LP’s. O consumo  e a demanda por Cultura se reinventam a cada ciclo, e na era da internet não seria diferente. Tudo está na internet. Não tem mais graça ter apenas cultura digital; as pessoas estão buscando novos limites para a experiência, e é aí que se inicia a vontade de colecionar vinis, por exemplo, alega Marcio Néri, colecionador e colaborador do coletivo “Reggay Oldies – Os Invasores”, em uma longa conversa sobre os queridos bolachões, percorrendo os 400km das tortuosas estradas que separam São Paulo de Curitiba.

Néri ainda nos lembra que, os sound systems – coletivo de seletores ou DJ’s que davam festas com ampla aparelhagem, em cima de caminhões, nas ruas de Kingston, capital da Jamaica – , foram os precursores da discotecagem, e embarcaram no Brasil através de São Luís do Maranhão – a capital brasileira do reggae -, onde o ritmo caribenho é apreciado sem moderação há décadas. Tanto na Jamaica quanto no Brasil, esses coletivos buscavam ter os melhores e mais raros discos de reggae já lançados, pois dessa forma, as festas produzidas por eles estariam fadadas ao sucesso, impondo aos coletivos rivais que buscassem novos discos, cada vez mais raros, para atrair mais gente aos seus eventos, e assim sucessivamente. A coisa era tão séria, que um conhecido colecionador de discos maranhense, em viagens à Jamaica para compras, chegou a riscar alguns exemplares repetidos para que seus rivais não os adquirissem, assim, apenas ele teria aquele específico vinil, transformando-o em raridade. Confira vídeo abaixo:




Como nem tudo na vida são flores, correr atrás e colecionar esses preciosos bolachões demandam tempo e dinheiro, mas valem muito a pena - assente Néri. A maior dificuldade para o colecionador é justamente encontrar os vinis mais raros, que geralmente se encontram no exterior, e disponíveis – quando disponíveis – somente por meio da internet. Há ainda o frete e a possibilidade de o vinil ser taxado, encarecendo ainda mais o produto. Entretanto, o universo dos vinis abre portas, te leva a buscar outras referências – como, por exemplo, o artista da capa, os instrumentistas da banda, produtores, etc. -, ampliando a bagagem cultural e massageando os ouvidos – com a bela qualidade sonora e durabilidade indiscutível – de quem ousa imergir nesse mundo. As festas, aliás, como afirmou Néri, não são pelo dinheiro – até porque não dá para se ganhar dinheiro, não estamos em São Luís -, mas sim, pelo prazer da música, pelas amizades, pela divulgação da cultura.


Foto por João Paulo Buiar
Ao adentrar o centro histórico da capital paranaense, formado por suas ruas de pedra e seus charmosos casarões coloniais, já era possível escutar o offbeat característico da música jamaicana, longinquamente. Mesmo a temida e gélida Curitiba, com sua tradicional garoa e vento frio, não se pôs a estragar a festa. Longe disso, brindou ao público com uma tarde de sol e temperatura agradabilíssima. Muita gente se espremia na apertada viela onde se dava a festa, mas não o suficiente para prejudicar o ambiente de confraternização. Havia crianças, idosos, pessoas de diferentes estilos, curiosos, todos dançando e festejando como se fosse carnaval, ao som de preciosidades da música negra. Até as araucárias – acostumadas à solidão das tardes de sábado – dançavam. Inclusive alguns punks, que se aproximaram com certo receio, faces desconfiadas, acostumados a serem oposição a tudo e a todos, em 10 minutos se renderam e caíram na dança. Ninguém suportou ficar parado. E tudo por conta da fé numa simples agulha tocando um saracoteante pedaço de plástico.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A Onda


Alemanha, 2008. A superação dos regimes nazi-facista estão nos simples compostos do dia-a-dia nas cidades. Mas quem diria que com um orçamento de cinco milhões de euros, um avô nazista, e um experimento social real na Califórnia, colocaria em discussão a sociedade como massa de manobra?! Dennis Gansel é o responsável por isto e trouxe no ano referido, no início do texto, um filme surpreendente, Die Welle, ou em português, A Onda.
Tudo começa com um simples questionamento na aula de autocracia, na escola de ensino médio, onde o professor Rainer Wenger leciona. Seria mesmo impossível haver resistência na subordinação da sociedade atual, supostamente mais esclarecida, em relação a regimes extremistas, ditatoriais? A resposta se faz através de um exemplo com os próprios alunos. Primeiro cria-se a identificação como nome, símbolo e uniforme (somente roupas brancas), o professor também mostra que através de uma marcha eles podem se sentir partes de uma mesma entidade. A partir disto, as reações comportamentais se modificam lentamente, seguindo o exemplo da menina que se veste de vermelho enquanto todos estão de branco... sem nenhuma exceção, todos excluem-na dos círculos de conversa. Mas as coisas tomam proporções inimagináveis.
Com duração aproximada de 1h 50min, o filme raramente deixa de prender a atenção do espectador. Vale ressaltar que o tom da iluminação do filme, varia do início ao fim, de acordo com a gravidade das situações. Primeiro um lugar iluminado e gradualmente vai escurecendo até o desmembramento do grupo. O grande “x” do filme está nos jovens que são os mais sensíveis ao bombardeio ideológico. Merece maior atenção, Tim – interpretado por Frederick Lau, um dos estudantes que possui maior envolvimento com a ideia, pois pela primeira vez se sente aceito por um grupo. O ator foi premiado com o Deutscher Filmpreis (premiação do cinema alemão).
Como na maioria dos casos, filmes interessantes possuem histórias mais interessantes ainda por detrás das câmeras. “A Onda” está baseado no caso “Third Wave”, um experimento usado pelo professor Ron Jones em Palo Alto, na Califórnia. E não por menos interessante, o avô do cineasta era nazista, então somente assim ele conseguiu perceber que a alma desses regimes estava apoiada na sedução, persuasão.  
Vale conferir!

domingo, 8 de setembro de 2013

Galáxia de cocar


São Paulo além de terra da garoa deveria ser conhecida também como terra da poluição. De acordo com o site da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) os parâmetros para a cidade variou, em 2012, entre N2-Moderada e N4- Muito Ruim, sendo este em dias de baixa umidade. A quantidade de partículas por metro quadrado impossibilita a visão das estrelas, e ressalta-se que a quantidade de luz que a cidade emite é outro fator implicante. Porém caso tenha oportunidade de escapar para cidades como Olímpia, Dourado, Colômbia – ou nominadas cidades interioranas- repare no céu à noite e procure pelas constelações. O Planetário do Ibirapuera e o do Parque Cientec podem nos oferecer diversos nomes derivados tanto de Roma (Andrômeda, constelações do zodíaco) como da época das grandes navegações, mas deve-se pensar que os nomes e os desenhos criados variam de acordo com a cultura. E por que não olhar os céus com olhos de tupi-guarani? Cita-se a constelação da Ema, do Homem Velho, da Anta do Norte e do Veado. 





Para quem se interessou no assunto, vale conferir o link a seguir. http://www.telescopiosnaescola.pro.br/indigenas.pdf


E para quem quer garantir um passeio diferenciado nos finais de semana:

Planetário e  Escola  Municipal de  Astrofísica  Prof. Aristóteles Orsini
End.: Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 10 (para pedestres) ou portão 3 para estacionamento, com uso de cartão zona azul  - Parque do Ibirapuera, zona sul, São Paulo (cerca de 5 Km do Metrô Santa Cruz). 

Parque CienTec
End.: Av. Miguel Stéfano, 4200 – Água Funda (em frente ao Zoológico), zona sul, São Paulo. 

sábado, 7 de setembro de 2013

iWorld

Anos 2000. O mundo sob uma nova perspectiva. Com o avançar dos anos, o ser humano progrediu muito na questão tecnológica, principalmente no que diz respeito a comunicação. Mas será que esse avanço é mesmo tão benéfico a nós?


Ao sair pela cidade, não é difícil repararmos pessoas com seus inseparáveis fones de ouvido, celulares, iPads, etc. Pelo contrário, de uns tempos pra cá, tornou-se difícil reparar alguém que de fato prefira olhar o mundo ao seu redor do que dar uma breve espiada no Instagram ou no Facebook.
É fácil citar um exemplo: Entramos no metrô da cidade, um universo subterrâneo. Você está num vagão não muito cheio, o suficiente para você ter uma visão panorâmica do mesmo. Ao seu lado, está sentado um rapaz que troca SMS provavelmente com sua namorada ou com algum amigo do trabalho. Na sua frente, está sentada uma moça que ri descontroladamente enquanto olha para o próprio celular. E lá nos confins do vagão, você nota outro rapaz, este, por sua vez, não está vidrado em seu celular e sim, atento a música que toca em seu fone de ouvido. Apenas tente parar pra contar quantas pessoas você vê tentando escutar alguma história contada por terceiros a seus acompanhantes ou quantas pessoas decidem olhar pela janela e ver a paisagem que essa selva de pedra em que vivemos, nos oferece.


A praticidade oferecida por esses meios de comunicação é indiscutível, porém, estaríamos de fato presos num mundo alternativo onde uma conversa virtual viria a ser muito mais frequente do que uma conversa “olho no olho”? Teríamos deixado de perceber o quão bonito pode ser um pôr-do-sol simplesmente por termos perdido o costume de olhar pro horizonte no final da tarde? Por fim, refaço a pergunta: Será que esse avanço é mesmo tão benéfico a nós ou é natural a evolução tecnológica se sobrepor às relações humanas?

Por: Luís Felipe Coca
07/09/2013

Moda Étnica

Seja bem vindo à página INVENTANDO MODA, aqui vamos discutir sobre Moda singular.
Vestir-se bem é o encontro do seu corpo com seu jeito de ser, hoje a Moda é você quem faz.
Antes vestíamos o que estava na mídia (indústria cultural maciça), hoje você pode escolher o que combina contigo, a satisfação é plena, claro! Você não precisa saber de tudo, mas importante é seu conforto, vestir para você e não para os outros, aqui iremos te ajudar ter elegância com estilo próprio... Afinal de contas “A moda não é para todos, mas a elegância é para você”.
Primeira lição: Conheça seu corpo e suas necessidades;
Segunda lição: Se ame e não tenha medo de erra, porque aqui estamos aprendendo a se redescobrir e a descoberta é uma tarefa difícil.
Terceira lição: mãos a obra... Let’s  GO!
A moda é composta de diversos estilos que podem ter sido influenciados sob vários aspectos, que acompanha o vestuário e o tempo, que se integra ao simples uso das roupas no dia-a-dia.
É uma forma passageira e facilmente mutável de se comportar e, sobretudo de se vestir.
Essa pequena introdução na moda é para você entender como ela funciona e como pode ser facilmente aplicada e moldada para você, em pleno século XXI a moda é adaptada a sua personalidade.
Você já deve ter percebido a invasão de geometrias que lembra tribos ou grupos africanos esse estilo é chamado de Tendência Étnica, a diversidade de cores e  formas une um conjunto de ideias para todos os gostos.
Descubra o seu e arrase.
Seja quem você quer ser!

  

Vamos começar retratando a tendência que esta invadindo o mundo com muitas cores e geometrias, estou falando da moda Africana, digna para toda mulher diva, poderosa e sexy contemplando o charme masculino. 













Não importa sua etnia ou conceitos conservadores, sua beleza interior sobressai o exterior. 
Pequenos assessórios fazem grande diferença, o segredo é entender o equilíbrio das cores dominantes. Como fazer isso? Simples! Observe nos dois casos, no masculino a cor em menos destaque é roxa da bermuda, sua blusa equilibra o conjunto destacando roxo.
A imagem feminina acontece o mesmo com casaco laranja,a cor externa sobressai,dando preferência para os menores pigmentos, é como se fosse uma obra de arte.





















A estilista Coco Chanel lançou as listras em preto e branco, indicada para alongar a silhueta e atualizar o universo da Moda.










 As listras viraram uma febre na coleção de inverno 2013 e promete continuar sua temporada no verão 2014 em alta, e vai bem com tudo, é só acertar nos detalhes e adaptar ao seu estilo. Qual é o seu?










Se você ainda está temerária de entrar de cabeça no estilo Afro étnico Pop, ouse aos poucos, adotando uma peça e algum acessório. Depois, é só se permitir, que o estilo entra em você!
Uma dica valiosa nas estampas geométricas que serve para todos.
As estampas visualmente criam volumes, onde podemos brincar de esconde mostra, como assim? 
Você que tem quadril largo evite usar essa geometria principalmente as combinações de branco com preto, aposte nas estampas em formato de V como na imagem do vestido cinza, vai neutralizar o quadril largo, mas quem não tem seios grandes e nem volumes nos quadris pode usar e abusar é ótimo para alavancar.
Despojada
Estilosa
Elegante
Conservador
Fashion
Temático

Eclético
Poderosa


Social
Autêntico




















A camiseta social lisa amarela ou jaqueta jeans consigo montar um estilo casual elegante, durante o dia, para noite pode arriscar um tom de estampa, mas forte, vale salientar que as geometrias ressaltam as formas do seu corpo (falei sobre esse aspecto no início da matéria),descubra em seu corpo o que pretende destacar, as estampas africanas são aliadas para isso, se você prefere esconder essa não é uma boa opção.


A versatilidade das estampas é muito chique, explorar cores e brincar com peças neutras você consegue montar vários looks para cada ocasião.

Não tenha medo de adquirir acessório étnico no seu guarda-roupa,ele funciona como uma peça coringa,ocasiões especiais que fazem a diferença na sua personalidade e estilo.


















Na próxima postagem sobre a tendência étnica vou apresentar os acessórios em geral e como usa-los.
A proposta para o verão de 2014 é ousar,expandir as cores e as formas de viver,revele a sua.



Por:
Deisy Anunciação,
07/09/2013.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O futebol além das quatro linhas







  Futebol, o esporte mais querido do país. Esporte que já nos deu momentos de pura alegria, mas também de total tristeza, seja com nossa seleção, seja com nosso clube do coração. Porém, ele não se resume àquilo que vemos dentro de campo, aos “vinte e dois homens suados correndo atrás de uma bola”. O futebol transcende as quatro linhas, envolve questões complexas e engloba questões políticas, culturais, religiosas e sociais.
  Um exemplo disso são alguns grandes clássicos que acontecem pelo mundo. Na maioria das vezes esses grandes jogos carregam consigo questões históricas de cada país, que sobrevivem até os dias de hoje. Na Sérvia (ex Iugoslávia), por exemplo, o jogo entre Estrela Vermelha e Partizan Belgrado vai muito além do que acontece durante os 90 minutos. Os dois clubes, fundados logo após logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, protagonizam um dos jogos mais tensos e violentos da atualidade. O motivo? Partizan foi criado como time do exército, enquanto o Estrela Vermelha foi criado por universitários combatentes, defensores da velha união.
  Na Espanha, na Holanda e na Itália ocorre algo parecido. O maior clássico do mundo na atualidade, Barcelona x Real Madrid, viu sua rivalidade surgir quando os catalães, símbolo da luta contra a ditadura, adotaram o Barcelona, e o Real Madrid era um time ligado aos poderosos do governo (além de ser o time de Franco). Na Holanda, o Ajax (um dos maiores clubes do país) foi fundado num bairro judeu de Amsterdam. Nos clássicos contra o Feyenoord, a torcida do Ajax, que leva bandeiras que contém símbolos judaicos, como a Estrela de Davi, e vê a torcida rival (em sua maioria, nazista) responder com sons que imitam os das câmaras de gás usadas por Hitler, além de hostilizar jogadores negros. Na Itália, o jogo Lazio x Roma teve sua rivalidade criada quando Mussolini assumiu ser torcedor da Lazio, impedindo que o time se unisse com os demais clubes da cidade para formar um único time (que se chamaria Roma). Dessa forma, a Lazio ganhou a torcida dos nacionalistas, enquanto os socialistas defendiam a Roma.



  Na Grécia e na Argentina a questão pende mais para o lado social. Boca Juniors e Olympiakos são times de áreas mais pobres, de operários, e fazem clássicos com River Plate e Panathinaikos, respectivamente, que são clubes da elite. Na Turquia, Fenerbahce e Galatasaray tem na geografia um dos motivos de sua rivalidade, que se traduz num dos clássicos mais tensos do mundo. O Galatasaray fica do lado europeu da capital Istambul, o lado dos aristocratas, enquanto o Fenerbahce fica do lado asiático, o lado dos “plebeus”.
  Por fim, na Alemanha e na Escócia, os clássicos encontram motivos religiosos. Separadas por cerca de 40 quilômetros, Gelsenkirchen e Dortmund pertencem à mesma região, que é em sua maioria protestante. Nesse contexto, o Borussia Dortmund foi criado por católicos. A rivalidade entre Schalke 04 e o time de Dortmund é tamanha que os torcedores nomeiam de “cidade proibida” a cidade do clube adversário. Celtic x Rangers acontece há mais de 120 anos na Escócia. O Celtic foi fundado por um padre católico irlandês, enquanto o Rangers é o clube da elite protestante de Glasgow. Esses dois clubes já passaram por períodos onde não aceitavam jogadores de outras religiões em seus respectivos elencos. Um fato curioso é que num clássico, em 1931, uma briga no gramado terminou com a morte de um jogador.



  Vimos que o futebol vai muito além do que é disputado dentro das quatro linhas. Existem questões históricas e culturais de cada país que interferem, e muito, no esporte mais querido por nós. Essas questões não são simples de se resolver, talvez nunca se resolvam, pois vêm de muito tempo atrás, antes mesmo do futebol existir. Mas uma coisa é fato: deixam esse esporte ainda mais fascinante, além de nos mostrar um pouco do que é a cultura, a história de cada país.


Por:
Lucas Valenci,
05/09/2013.




Fomos à Lua ou somos de lua?

1945. Fim da Segunda Guerra Mundial. Início de um período de tensão que perduraria por 46 anos. Estados Unidos x União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Capitalismo x Socialismo. Liberdade Civil x Ditadura Comunista. Esse foi o cenário inicial da Guerra Fria, duas superpotências medindo forças, sejam elas políticas, econômicas ou militares, indiretamente, nunca alcançando o ponto de ataques bélicos.


Dentro desse cenário, mais precisamente no final da década de 1950, surgiu a Corrida Espacial. Com o crescente benefício tecnológico dos países e na tentativa de superar um ao outro, Estados Unidos e a URSS começam a investir firmemente no campo aeroespacial. Em 1957, é lançado ao espaço, o satélite soviético Sputnik 1, com o objetivo de orbitar o planeta. No mesmo ano, no mês de novembro, os soviéticos lançam o Sputnik 2 que contava com uma tripulante: a famosa cadela Laika. Sendo assim, o primeiro ser vivo a sair do planeta.
Vendo a União Soviética sair na frente nessa corrida, os Estados Unidos logo trataram de lançar o Explorer I, em 1958. Porém, como permaneciam na frente, em 1961, os soviéticos lançam a Vostok 1, tripulada por ninguém mais ninguém menos que Yuri Gagarin, o primeiro ser humano a ir e voltar ao espaço, vivíssimo para contar a história. É de Gagarin, a famosa frase: “A Terra é azul!”.
Necessitando de uma resposta imediata aos soviéticos, o presidente americano John Kennedy, faz a promessa de enviar americanos à Lua até o fim dos anos 60. Mais uma vez, a União Soviética tenta contra atacar e chegar no nosso satélite natural antes dos americanos, porém, devido a falhas na missão Zond, o contra ataque não foi efetivo. Assim, em 21 de dezembro de 1968, é lançada a Apollo 8 que, com sucesso, orbita a Lua na noite de Natal e retorna em 27 de dezembro do mesmo ano.


Após a Apollo 8, era sabido que a chegada na Lua seria questão de tempo, e não demorou a se concretizar. A missão Apollo 11 foi a quinta missão do Projeto Apollo, porém, a primeira a aterrissar no satélite natural de nosso planeta. A tripulação contava com Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins, sendo este último o único a não pisar na Lua. A histórica saga, acompanhada por milhões de pessoas ao redor do mundo, teve início no dia 16 de julho de 1969, no Cabo Canaveral, na Flórida.
A viagem foi absolutamente tranquila, assim como o nome de onde deveriam pousar, o chamado “Mar da Tranquilidade”. Com tudo correndo dentro do previsto, chega o tão sonhado momento, depois de tantos investimentos, tantos estudos sobre o Espaço, tantas brigas travadas entre EUA x URSS, o homem finalmente pisaria na Lua. O mundo inteiro estava parado, congelado, vidrado frente aos televisores que exibiam a história sendo escrita.
Armstrong, o primeiro a sair do módulo, profere a seguinte frase antes de seus pés tocarem o solo lunar: “É um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade.” E assim o faz. Considerada uma das frases mais brilhantes já ditas pelo homem, a frase viria a se tornar um marco na história a partir de então. A comemoração na Terra era incessante, principalmente por parte dos americanos, que haveriam liquidado a URSS nessa corrida espacial.
Após duas horas de caminhada, Aldrin e Armstrong, cravaram a bandeira dos Estados Unidos e deixaram uma placa com os dizeres: “Aqui os homens do planeta Terra pisaram pela primeira vez na Lua. Julho de 1969. Viemos em paz, em nome de toda a humanidade.” O módulo retornou à Terra em 24 de julho de 1969 com os três astronautas salvos e tidos como heróis. Os EUA abandonaram o objetivo de explorar a Lua em 1972 e desde então, nenhum ser humano retornou ao satélite.
Mas será que o ser humano chegou a pisar de fato na Lua? Teria sido Armstrong o primeiro a pisar na Lua ou teria sido tudo uma farsa dos EUA, feita num estúdio de Hollywood ou em um de seus desertos, para liquidar a URSS?



Existem inúmeras pessoas que acreditam que o homem esteve naquele ponto infinitesimal do Universo, outras já vão pelo caminho inverso, dizem que tudo não passou de uma farsa americana muito bem bolada.
Sombras em direções diferentes, bandeira tremulando onde não há vento, a Terra extremamente diminuta quando vista da Lua, pegadas formadas em um local onde não há umidade, nenhuma marca deixada pelo propulsor ao tocar o solo lunar, a ausência de estrelas, etc. Esses são apenas alguns fatores que os mais céticos utilizam para reafirmar a ideia de que o homem não foi a Lua.
Porém, como contraponto, os que acreditam nessa ida abordam alguns tópicos interessantes, dentre os quais: As rochas trazidas não existem em nenhum lugar do planeta, os refletores que foram lá deixados, a experiência de Armstrong ao jogar uma pluma e um martelo em direção ao solo e os dois tocarem o chão ao mesmo tempo, etc.


Verdade ou mentira, talvez nunca saberemos o que de fato aconteceu naquele 19 de julho de 1969, a intriga ainda irá perdurar por muito tempo em nossas cabeças.
Por fim, aqui vai um vídeo que fica entre uma linha tênue: Teria sido o maior ato da humanidade ou a maior fraude que o mundo já viu?




E você, acredita?



Por:
Luís Felipe Coca
05/09/2013