sexta-feira, 7 de março de 2014

Tatuagens e mercado de trabalho: um tema que, sim, dói muito.

Não é a uma verdade absoluta, apenas uma versão dos fatos. O que dizem os especialistas sobre o assunto? Entenda histórias de gente que sofreu preconceito. Mas ainda há futuro.



Há tempos, homens e mulheres, de diferentes etnias e culturas, optam por registrar importantes acontecimentos de suas vidas, diretamente em suas peles. Da mesma forma que encantadoras e passíveis de reconhecimento de correntes artísticas tradicionais, as tatuagens, ainda hoje, na segunda década dos anos 2000, provocam muitos sentimentos, como dúvida, curiosidade, pavor e preconceito. Aos que escolhem ter seus corpos marcados com tinta, são muitas as questões que pairam sobre a mente. Desde a concepção da ideia e a escolha do profissional que realizará a arte, até preocupações sobre as consequências do ato em si; há quem diga que, aos olhos do mercado de trabalho, tatuagens, em lugares de muita visibilidade, podem prejudicar o candidato durante processos seletivos.

Contrariando mitos, porém, nas grandes cidades brasileiras, a popularização da arte é notável. A tatuagem, que antes era algo restrito a certas correntes filosóficas, às tribos urbanas e aos profissionais ligados à arte e estética, passou, no geral, a ter adeptos diversificados, em grupos bastante heterogêneos. É possível ver celebridades da TV, jogadores de futebol e ídolos da cultura teen desfilando suas marcas, em qualquer parte do corpo, indiscriminadamente. Até que ponto o país evoluiu nessa questão? Dá para conseguir um emprego tendo tatuagens? Questões culturais de nossas empresas influem? O que o militarismo pode ter a ver com isso? Essas e outras dúvidas são discutidas por especialistas, que debatem um tema que, literalmente, faz a pele arder.

Para a Supervisora de Recrutamento e Seleção da Danone, Priscila Franzé, de 32 anos, existe preconceito contra tatuagens no mundo corporativo. E que, infelizmente, um candidato pode ser preterido por ter tatuagens. Porém, há um importante ponto a ser observado. A cultura adotada pela empresa e seu conjunto de valores influenciam muito nas decisões e diretrizes das corporações. ”Acredito que o motivo está no tipo de cultura que a empresa prega, no público que ela quer atingir, no seu próprio nicho de atuação. Você consegue imaginar um vendedor destes quiosques de óculos e acessórios descolados em um banco, por exemplo?”

A especialista ressalta, ainda, que a relação deve ser sempre recíproca. “Cabe ao futuro colaborador também se questionar se a empresa que ele almeja vai ao encontro de suas expectativas, se permitirá que ele seja o que realmente é”, emenda Priscila, que possui três tatuagens, mas prefere mantê-las cobertas, pelo menos no ambiente de trabalho. A gestora, por fim, orienta que tatuados evitem evidenciar suas marcas em um processo seletivo, porém, tampouco omitam ou mintam quando perguntados sobre o assunto. A informação e o bom senso prevalecem. “Na minha opinião, o candidato deve ser avaliado pelas suas competências técnicas e comportamentais, essa sim é a avaliação mais correta a ser feita”, enfatiza.

O tatuador Anderson Nobre, o “Bits”, do estúdio PMA Rockers, igualmente, concorda que já há uma evolução quanto ao preconceito. “Mudou muito o jeito como as pessoas enxergam a tatuagem, até os anos 90 as pessoas relacionavam a arte da tatuagem com marginalidade”, afirma. No estúdio em que trabalha, já passaram pessoas de diferentes perfis e carreiras, inclusive, de profissões tradicionais como advogados, engenheiros e médicos. “Tatuagem não muda caráter de ninguém.”

Bits reforça que, por aparecer constantemente na mídia e na TV, a tatuagem tem sido mais bem aceita. Entretanto, no Brasil, os resquícios da ditadura militar também influenciam no modo como nos relacionamos com o tema. “Somos filhos da ditadura, e a classe militar sempre implantou preconceito de todas as formas”. “Diferente de outros países, que até permitem policias possuírem tatuagens aparentes, os militares brasileiros – salvo exceções como Santa Catarina - não tem essa liberdade, e a ideia acaba reverberando em outros setores da sociedade”, salienta o tatuador.


 Preconceito na pele


São demais os casos de pessoas que relatam ter sido vítimas de algum preconceito; não apenas por tatuagens, mas por “piercings” e outras intervenções para modificação corporal. A dona de casa Luciane Nogueira, 33, conta que seu filho, um adolescente de 16 anos  - detalhe que, apenas no Estado de São Paulo, a tatuagem em menores de idade é considerada crime, sob a lei 9.828/97 -, foi vítima de discriminação, em fevereiro deste ano.

O jovem havia se inscrito para um curso profissionalizante, oferecido por uma instituição de São José do Rio Preto, cidade onde moram. Ao chegar lá, porém, uma desagradável surpresa: a associação alegou que, por ter tatuagens, o rapaz não poderia prosseguir com os estudos, pois mesmo que chegasse a concluir o curso, as empresas não o contratariam, posteriormente.  “Apenas por ele ter uma tatuagem pequena no braço direito, em homenagem aos pais – “pai e mãe: amor eterno” -, não foi aceito”, argumenta a mãe. “Ele queria muito ter feito o curso.”

Postura intolerante, também, é o que narra Filipe Lopes, 28 anos, cidadão do Rio de Janeiro, que há um mês, no final de janeiro, deixou seu antigo emprego, após anos convivendo com a incomplacência de seus superiores. Filipe trabalhava em uma grande empresa do ramo de hipermercados, e até a substituição de seus chefes imediatos, nunca havia tido problemas. Após a troca, no entanto, o inferno em sua vida começou: “Como era impossível tirar as tatuagens – definitivamente -, o novo técnico de segurança começou a pegar no meu pé por conta dos piercings”, relata o ex-vendedor, que, por um tempo, ouviu as injúrias caladamente. “Toda vez que me via, me mandava tirar os piercings.”

Até que um dia, como Michael Douglas em “Um Dia de Fúria”, o jovem fluminense largou: “Eu só vou tirar quando você me mostrar onde a norma de proibição está escrita”. A confusão envolveu o diretor da loja, que, buscando a informação no manual de procedimentos, não foi capaz de encontrar uma frase sequer sobre “piercings” e tatuagens, apesar da insistência do gestor. Atualmente, Filipe estuda, juntamente com seu advogado, entrar com uma a ação judicial contra a empresa. “Pedi demissão de lá.”

Mas não é por essa razão que o rapaz desistirá de trabalhar. Filipe, que também é desenhista e, paralelamente, estagiava com sua tatuadora, aprimorando a técnica da tatuagem, decidiu correr atrás dos seus sonhos, e entrar de agulha – na verdade, de cabeça – no mundo dos rabiscados. E o mais incrível, conclui ele sobre o período em que trabalhou na loja: “ Durante todo esse tempo, eu nunca senti nem sofri nenhum tipo de preconceito por parte dos clientes”.  Ainda que velado, o preconceito persiste, e há muito o que melhorar nesse sentido.


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Dietas feitas sem orientação médica oferecem riscos à saúde



Fernanda Uehara Araujo e Thayná da Costa Alencar Gomes

       Todo mundo já cansou de ouvir falar que não se devem fazer dietas relâmpagos pelos riscos que elas causam à saúde, mas mesmo assim optam pelo caminho mais fácil para obterem resultados imediatos.
       As pessoas muitas vezes querem emagrecer muito rapidamente e não medem os ricos, ao invés de mudar a alimentação gradativamente, melhorando o cardápio através da ingestão de alimentos mais nutritivos e menos calóricos, resolvem excluir alguma refeição do dia ou um grupo de alimentos sem necessariamente melhorar a alimentação. Tentam substituir refeições por shakes e, isso, em longo prazo, é impossível de se manter no dia a dia.
       Na maioria das vezes, devido ao imediatismo, as pessoas querem resultados instantâneos e não duradouros. As dietas malucas proporcionam resultados rápidos, porém com consequências indesejáveis. Já a educação alimentar, além de não demorar tanto quanto as pessoas imaginam, traz qualidade de vida e durabilidade dos resultados alcançados”, disse Danielle Catarina Alves Aprígio – nutricionista na clínica ‘Vida Feliz’ em Juiz de Fora-MG.
       A estudante de psicologia, Natália Ferreira Domiciano, de 19 anos, teve anorexia aos 15. Ela foi adepta da má alimentação durante um ano, o que a proporcionou sérios riscos à saúde.
       “No inicio, você se vê acima do peso e acha que deixando de comer as coisas ditas não saudáveis alcançaria o resultado esperado, sem necessidade de ir a uma nutricionista”, relatou Natália.
Choque da realidade
       “Fui confrontada por meus pais e passei a ver a situação como ela realmente era. Lendo sobre 
alimentação e nutrição, passei a comer mais para engordar de forma saudável. Hoje em dia
acho que a reeducação alimentar é o melhor método para emagrecer de forma
saudável e definitiva. É preciso adequar uma dieta à sua rotina e respeitar
suas limitações, para não desistir ou sofrer o ‘efeito sanfona’”, expôs Natália.
       Danielle afirma que os adeptos das dietas sem orientação médica podem sofrer sérios riscos à 
saúde, como os casos de perda de movimentos, perda de parte da função renal,
desenvolvimento de doenças que só poderiam se manifestar geneticamente (doença
celíaca, alergia a lactose, etc) e até mesmo câncer, passando também por alergias alimentares e 
hipovitaminoses. 
Tudo no seu tempo
       “O tempo que a pessoa leva para emagrecer depende da quantidade de peso que está acima 
do ideal, adesão a nova alimentação e também a mudanças do hábito de vida, tentando quebrar o ciclo
de obesidade/sedentarismo. Além da alimentação, é lógico que temos que tentar aumentar a atividade 
física, não necessariamente um esporte, só o fato de passar a andar mais e tentar fazer suas atividades
sem carro já seria um bom começo. O aumento da atividade física além de proporcionar intensidade 
de esforço, também modifica o metabolismo basal, fazendo com que o indivíduo passe a gastar mais 
energia mesmo nos momentos de repouso”, disse Dr. José.
       Segundo a nutricionista, “o emagrecimento é programado, portanto de acordo com a disposição 
do paciente. A dieta inicial pode ser mais restritiva (diminuição de calorias) e ao longo do tratamento
alimentar o dará mais liberdade em suas escolhas. Podendo chegar, com uma dieta restritiva, à perda
de até a educação 3 kg por mês, caindo depois para 1,5 kg por mês, alcançando o peso desejado
de modo duradouro em aproximadamente cinco meses. Porém é importante que o acompanhamento
se siga durante pelo menos um ano, proporcionando conhecimento suficiente ao paciente para que 
ele possa fazer suas escolhas com segurança e liberdade de gostos”.
       As pessoas querem resultados imediatos a qualquer custo sem necessariamente mudarem 
seus hábitos, por isso emagrecem rapidamente, em médio prazo voltam a sua antiga rotina e retomam
o peso anterior. Portanto a melhor alternativa para quem quer emagrecer é, sem dúvidas, procurar 
profissional, com perda programada depeso, mudança de hábitos permanente – sem passar fome – e 
enfim um acompanhamento alcançar qualidade de vida.