terça-feira, 8 de outubro de 2013

Não me venha com metades

Por Luana Andrade


Acordei no meio da madrugada e você não estava ao meu lado. Andei pela casa e te encontrei toda retorcida no sofá. Ah, meu bem. A gente se ama tanto! O estranho é que brigamos com a mesma intensidade, são coisas equivalentes e acho que cheguei a uma conclusão de porque isso acontece: medo. Você tem medo de admitir que encontrou alguém. De ter que dividir o guarda roupa, o sabonete e a cama. Essa é a verdade. E eu te entendo, esse tipo de coisa assusta mesmo. 
Você me vem cheia de metades; metade de um filme, de uma conversa, de uma noite, de uma vida. Eu quero passar um domingo chuvoso deitada em um colchão na sala - um colchão enorme, você sabe que sou espaçosa -. Quero ficar ali contigo só pelo prazer do cheiro, da presença sabe? Quero levantar as 15h pra fazer uma refeição saudável mas que no fim das contas vira um brigadeiro meio queimado porque não mexi direito enquanto você foi ao banheiro. Quero ver e rever " Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças " lá debaixo das cobertas. Quero imaginar nossa vida, planejar nossa casa, o jardim, o nome das crianças e a raça dos cachorros. Quero te contar meus segredos mais obscuros porque sei que você vai rir da maioria deles.
Eu consigo ver tudo isso pra nós, meu amor. Só tem que confiar em mim...Você me vem aí cheia de metades, só que eu te quero por inteiro.